Exercício físico e hipertensão



A combinação entre exercício físico e hipertensão é uma boa ideia? Muitas pessoas com hipertensão têm dúvidas de qual o melhor exercício físico para elas ou até mesmo se elas podem fazer algum tipo de exercício. A notícia boa é que o hipertenso pode sim fazer exercício físico e, melhor ainda, pode ter muitos benefícios provenientes de uma vida ativa. Veja o que a ciência tem a nos dizer sobre o tema e confira algumas dicas.
A hipertensão é diagnosticada quando um indivíduo apresenta pressão arterial sistólica (PAS) em repouso ≥140 mm Hg e / ou pressão arterial diastólica em repouso (PAD) ≥ 90 mmHg, confirmada por um mínimo de duas aferições tomadas em, pelo menos, dois dias separados, ou quando este toma medicação anti-hipertensiva (1). Podemos dividir a hipertensão em dois grupos: primária e secundária. A hipertensão primária é responsável por 95% dos casos e é um fator de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares e mortalidade prematura (1, 2, 5). Fatores genéticos e de estilo de vida, como dietas com alto teor de gordura e alto teor de sal e inatividade física são atribuídos à maiores riscos de hipertensão primária (1, 2, 5). A hipertensão secundária é responsável pelos 5% restantes. As principais causas de hipertensão secundária são doença renal crônica, estenose da artéria renal, feocromocitoma, secreção excessiva de aldosterona e apneia do sono (1-3). Indivíduos que registram PAS 120-139 mmHg ou PAD 80-89 mmHg se encontram em situação de pré-hipertensão (3,4).

Mudanças no estilo de vida são uma boa saída

O Colégio Americano de Medicina Esportiva (ACSM) além de recomendar o uso de fármacos, enfatiza mudanças no estilo de vida, que incluem atividade física regular, ajudando a prevenir ou atenuar a progressão para a hipertensão em indivíduos com pré-hipertensão. Recomenda-se também que fumantes parem de fumar, controlar o peso corporal, reduzir a ingesta de sódio, moderação no consumo de álcool e uma alimentação saudável (2, 5).

Recomendações

De acordo com o ACSM, o exercício aeróbico regular, de intensidade, duração e volume adequados, leva a reduções na PAS e PAD de repouso de 5-7 mmHg. O exercício submáximo em indivíduos hipertensos causam reduções na PAS. São relatados na literatura, regressão da espessura da parede cardíaca e da massa ventricular esquerda em indivíduos com hipertensão que fazem treinamento aeróbio regular e, menor massa ventricular esquerda em indivíduos pré-hipertensos com moderado a alto nível de aptidão física. Deve-se priorizar as atividades aeróbicas, no entanto, pode ser feito um complemento com exercícios resistidos de intensidade moderada. Existem evidências, ainda inconsistentes, de que o exercício resistido sozinho pode reduzir a PA. Exercícios de flexibilidade devem ser feitos após um aquecimento completo ou durante o período de resfriamento, seguindo as diretrizes do ACSM para adultos saudáveis (5).

Dicas para o profissional da Educação Física que tem aluno hipertenso:

  • Deve-se estar sempre controlando a PA, considerar a medicação que o paciente está tomando e seus efeitos adversos, além de adequar o exercício às comorbidades e idade do indivíduo;

  • Progredir gradualmente a intensidade, evitando qualquer aumento brusco nessa variável;

  • Exercício físico de intensidade vigorosa não é necessariamente contraindicado, mas pensando na relação benefício/risco, recomenda-se a intensidade moderada;

  • Parece prudente manter a PAS ≤220 mmHg e / ou a PAD ≤105 mmHg durante o exercício;

  • Não prender a respiração (Manobra de Valsalva) durante exercícios de força. A manobra de Valsalva pode resultar em respostas de PA extremamente altas, tontura ou desmaio.

Concluindo

Portanto, se você é hipertenso não precisa ter medo de se exercitar, desde que seja acompanhado por um profissional habilitado. O profissional da Educação Física é capaz de prescrever e orientar pessoas nesta condição. Se você conhece alguém que tem hipertensão, compartilha esse texto com ela, informação só vai fazer bem. Lembre-se. Não deixe ninguém te enganar!

Fontes

1. Chobanian AV, Bakris GL, Black HR, et al. The Seventh Report of the Joint National Committee on Prevention, Detection, Evaluation, and Treatment of High Blood Pressure: the JNC 7 report. JAMA. 2003;289(19):2560–72.
2. Rosendorff C, Black HR, Cannon CP, et al. Treatment of hypertension in the prevention and
management of ischemic heart disease: a scientific statement from the American Heart Association Council for High Blood Pressure Research and the Councils on Clinical Cardiology and Epidemiology and Prevention. Circulation. 2007;115(21):2761–88.
3. Go AS, Mozaffarian D, Roger VL, et al. Heart disease and stroke statistics—2014 update: a report from the American Heart Association. Circulation. 2014;129:e28–292.
4. Gupta AK, McGlone M, Greenway FL, Johnson WD. Prehypertension in disease-free adults: a marker for an adverse cardiometabolic risk profile. Hypertens Res. 2010;33:905–910.
5. American College of Sports Medicine, Deborah Riebe, Jonathan K. Ehrman, Gary Liguori, and Meir Magal. 2018. ACSM’s guidelines for exercise testing and prescription.

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