Método de Repetições Parciais



É muito comum encontrarmos nas academias pessoas realizando movimentos pela “metade”, ou seja, com menor amplitude de movimento. Por exemplo, ao invés de realizar um agachamento profundo, com o quadril indo abaixo da linha dos joelhos (maior amplitude de movimento), realiza-se um meio agachamento, onde a flexão do joelho muitas vezes não chega à 90 graus (menor amplitude de movimento). Este método leva o nome de método de Repetições Parciais. Porém, será que os resultados esperados para força e hipertrofia muscular serão os mesmos?

Porquê utilizar?

Quando pensamos na razão pela qual se executam repetições parciais em um movimento devemos entender qual é a especificidade para aquilo. Em atletas que procuram aprimorar as habilidades esportivas, realizar o treinamento de força com repetições parciais faz com que o atleta se beneficie mais com movimentos que repliquem a especificidade da sua modalidade (1). Por exemplo, de acordo com Young e colaboradores (2) é sugerido que para a melhora de sprints (corridas de curta distância) se realizem agachamentos com ângulos de flexão de 45 e 90 graus para a melhora do desempenho das fases de velocidade máxima e de aceleração, respectivamente. Com isso a utilização de repetições parciais pode ser útil em assegurar uma transferência otimizada para a habilidade esportiva necessária.

Já quem busca hipertrofia, este método tem sido bastante difundido, muitas vezes de forma despercebida. Em uma revisão (3) foram analisados alguns estudos que avaliaram os resultados que a utilização de repetições parciais pode trazer, e concluíram que, apesar de haver poucos estudos avaliando a utilização deste método para hipertrofia, a utilização deste método pode trazer resultados similares quando comparados com repetições com total amplitude de movimento. Porém leva-se em consideração a especificidade do ângulo de execução e a ativação dos grupos musculares, por exemplo, se o indivíduo quer realizar um trabalho para glúteos e utiliza de agachamentos parciais a ativação não será otimizada (4). Isso porquê a ativação do glúteo máximo é dependente da maior profundidade do agachamento (5).

Repetições Parciais e Hipertrofia

Porém no estudo de McMahon e colaboradores (4) foi encontrado que maiores adaptações morfológicas (aumento da hipertrofia) e da arquitetura muscular (ângulo de penação) ocorreram em indivíduos que utilizavam de maior amplitude de movimento, ocorrido em razão de um maior estresse mecânico, fundamental para hipertrofia muscular. Outro achado é que o grupo que realizou maior amplitude de movimento também obteve maior redução de gordura subcutânea. Seguindo isto é importante reforçar a utilização de movimentos com maior amplitude de movimento, mesmo se a carga absoluta (Pesos) for reduzida, para promover maior estresse fisiológico e maior potencial de estímulo para adaptações como hipertrofia e emagrecimento.

Portanto é importante ter em vista a utilização de repetições parciais de acordo com o objetivo que é proposto. Ao buscarmos a melhora do desempenho esportivo a utilização deste método deve ser coerente com a necessidade da modalidade, ditada pelos ângulos específicos de movimento em que ocorrem as ações. Já em busca de hipertrofia, apesar de alguns estudos mostrarem resultados similares, ainda são necessárias mais pesquisas para observar e elaborar os possíveis mecanismos e benefícios deste método.

Referências

1.          Clark RA, Bryant AL, Humphries B. An examination of strength and concentric work ratios during variable range of motion training. J Strength Cond Res. 2008;22(5):1716–9.

2.          Young W, Benton D, Duthie G, Pryor J. Resistance Training for Short Sprints and Maximum-speed Sprints Sydney Academy of Sport. Strength Cond J. 2001;23(2):7–13.

3.          Newmire DE, Willoughby DS. Partial compared with full range of motion resistance training for muscle hypertrophy: A brief review and an identification of potential mechanisms. J Strength Cond Res. 2018;32(9):2652–64.

4.          McMahon GE, Morse CI, Burden A, Winwood K, Onambélé GL. Impact of range of motion during ecologically valid resistance training protocols on muscle size, subcutaneous fat, and strength. J Strength Cond Res. 2014;28(1):245–55.

5.          Schoenfeld BJ. SQUATTING KINEMATICS AND KINETICS AND THEIR APPLICATION TO EXERCISE PERFORMANCE. J Strenght Cond Res. 2010;24(12):3497–506.

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