Escada de agilidade nos esportes. Funciona?



A Escada de Agilidade é um acessório no formato de uma escada, que fica no solo, formando o desenho de vários quadrados, que servem como marcação/referência para uma série de exercícios, visando o desenvolvimento de velocidade, agilidade, coordenação e equilíbrio (1–3). Alguns técnicos no esporte utilizam esta ferramenta, acreditando ser um meio de melhorar a agilidade específica nos esportes(4–9).

O que a ciência diz sobre a Escada de Agilidade nos esportes?

Alguns estudos concluíram que o treino neste equipamento melhora a agilidade em testes de corrida com e sem mudança de direção, impulsão vertical e equilíbrio (3,8–10), parecendo ocorrer uma transferência positiva* para outras habilidades (11). Quando comparado a outros métodos como pular corda, se mostrou mais eficiente para agilidade e velocidade, e menos para potência dos membros inferiores, avaliada nas crianças do estudo (12); Em uma pesquisa que comparou a Escada de Agilidade com atividades de dança no vídeo game, em atletas femininas adultas de voleibol, o exercício de dança, se mostrou mais eficiente no desenvolvimento da agilidade (13). Em um estudo com jogadores universitários de badminton Chandrakumar e Ramesh em 2015, verificaram que tanto a Escada de Agilidade como exercícios específicos para a velocidade, agilidade e rapidez, promoveram a melhora na agilidade e na velocidade, em relação a outro grupo que apenas treinou a modalidade (5).
Koestando e colaboradores (2017), promoveram uma intervenção com 80 crianças, dividindo-as em três grupos, 1-Exercício com escada de agilidade; 2- Exercício em formato de circuito e 3-Grupo que não faria exercício, onde os grupos que se exercitaram melhoraram nos testes de corrida de 30m e no teste de agilidade, sendo que o grupo que realizou Escada de Agilidade foi superior (6) A escada de Agilidade, quando utilizada acompanhada do treino técnico da modalidade, parece mostrar resultados significativos de melhora, não só em testes de agilidade, mas também em testes técnicos relacionados ao esporte, podendo ser uma ferramenta interessante para se desenvolver a agilidade, combinada com a técnica(14,15).
Não foram encontrados estudos que avaliaram a agilidade em situação real de jogo, não ficando claro ainda o efeito que este tipo de treino gera no desempenho relacionado aos esportes, pois a agilidade encontrada nos esportes, possui além do aspecto físico, os componentes de percepção e tomada de decisão (2,16). Estes componentes também devem ser treinados, para não limitar o desenvolvimento geral do atleta em relação a sua performance no jogo (7).
Para potencializar o resultado positivo, em uma situação nos esportes, através da utilização de acessórios como escada de agilidade, é importante que o movimento executado seja parecido mecanicamente com o da modalidade esportiva (teoria dos elementos idênticos – Thorndlike, 1914) e que exija processos cognitivos parecidos (percepção, tomada de decisão) (teoria do processamento apropriado para transferência – Lee, 1988), potencializando desta maneira, a aprendizagem do gesto, visando o desempenho esportivo (1,4,11,17–19).

Conclusão

Em síntese a Escada de Agilidade pode desenvolver os componentes físicos gerais relacionados à agilidade e velocidade, porém faltam estudos para verificar os seus efeitos no desempenho esportivo da agilidade específica. Se utilizada juntamente com o treino técnico, pode ser uma ferramenta adequada para o desenvolvimento esportivo.
*Transferência Positiva: Quando uma atividade influencia na outra positivamente.

Fontes

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2. Sheppard J, Young W. Agility literature review: Classifications, training and testing. J Sports Sci. 2006;24(9):919–32.
3. Ng RSK, Cheung CW, Raymond KWS. Effects of 6-week agility ladder drills during recess intervention on dynamic balance performance. J Phys Educ Sport. 2017;17(1):306–11.
4. Dawes J, Roozen M. Developing Agility and Quickness. 1st ed. United States: Human Kinetics; 2012. 202 p.
5. Chandrakumar N, Ramesh C. Effect of ladder drill and SAQ training on speed and agility among sports club badminton players. 2015;1(12):527–9.
6. Koestanto, S., H. Setijino, H. Mintarto E. Model Comparison Exercise Circuit Training Game and Circuit Lad- der Drills to Improve Agility and Speed. J Phys Educ Heal Sport [Internet]. 2017;4(30):78–83. Available from:http://journal.unnes.ac.id/nju/index.php/jpehs%0AModel
7. Erpell BEGS, Oung WABY, Ord MAF. ARE THE PERCEPTUAL AND DECISION-MAKING COMPONENTS OF AGILITY TRAINABLE?A PRELIMINARY INVESTIGATION. 2011;1240–8.
8. Jamil SA, Aziz N, Hooi LB. Effects of Ladder Drills Training on Agility Performance. Int J Heal Phys Educ Comput Sci Sport [Internet]. 2015;17(1):17–15. Available from:http://ijhpecss.org/International_Journal_No_17-Jan-2015 to Mar-2015..pdf#page=213
9. Pawar SB, Borkar P. Effect of ladder drills training in female kabaddi players. 2018;5(2):180–4.
10. Kusuma KCA, Kardiawan KH. Effect of Ladder Drill Exercise on Speed, Surrounding and Power Leg Muscle. J Phys Educ Sport Heal Recreat. 2017;6(3):193–6.
11. Magill RA. Aprendizagem e Controle Motor. 8th ed. Phorte; 2011. 568 p.
12. Pratama NE, Mintarto E, Kusnanik NW. The Influence of Ladder Drills And Jump Rope Exercise Towards Speed , Agility , And Power of Limb Muscle. 2018;5(1):22–9.
13. Roopchand-Martin S, Chong RA, Facey A, Singh P, Mansing A. A pilot randomised clinical trial comparing the effect of video game dance training with ladder drills on agility of elite volleyball players. New Zeal J Physiother. 2018;11(1):6–11.
14. Srinivasan M, Saikumar DCV. Influence of Conventional Training Programme Combined With Ladder Training on Selectedd Physical Fitness and Skill Performance Variables of College Level Badminton Players. Shield – Res J Phys Educ Sport Sci [Internet]. 2012;7:69–82. Available from:http://sujo.usindh.edu.pk/index.p…/THE-SHIELD/article/…/1021
15. Mahfouz N, Kapoh EA. Using the agility ladder in improving the performance level of some composite offensive skills in basketball among the students at the Faculty of Physical Education. 2017;(June):0–12.
16. Paul DJ, Gabbett TJ, Nassis GP. Agility in Team Sports: Testing, Training and Factors Affecting Performance. Sport Med. 2016;46(3):421–42.
17. Rhein Z, Vakil E. Motor sequence learning and the effect of context on transfer from part-to-whole and from whole-to-part. Psychol Res. 2017;0(0):0.
18. Jantzen KJ, Oullier O, Marshall M, Steinberg FL, Kelso JAS. A parametric fMRI investigation of context effects in sensorimotor timing and coordination. Neuropsychologia. 2007;45:673–84.
19. Schmidt RA, Lee TD. Aprendizagem e Performance Motora. 5th ed. Porto Alegre: Artmed; 2016. 314 p.

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