O Treinamento em Jejum vem sendo discutido como estratégia de tratamento do Diabetes tipo 2 (DM2). Um estudo teórico tratou o assunto como uma forma inovadora para lidar com o DM2 (1), mas até pouco tempo atrás, todos os estudos sobre Treinamento em Jejum foram feitos com indivíduos saudáveis. Recentemente, pesquisadores alemães realizaram um estudo com pacientes de DM2, avaliando os efeitos do Treinamento em Jejum nessa população (2). Será que o Treinamento em Jejum para Diabéticos é efetivo? É melhor do que treinar alimentado?
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Vamos ao estudo
O estudo contou com 30 pacientes de DM2, que foram divididos aleatoriamente em dois grupos (Grupo F, que treinou em estado de jejum; e Grupo C, que treinou alimentado). Todos os participantes foram instruídos a não mudarem seus hábitos alimentares durante a intervenção de treinamento, que foi realizada por 8 semanas, tendo 100% de participação dos sujeitos. Os registros alimentares de cada indivíduo, bem como a coleta de sangue em jejum e os testes de bioimpedância para determinar a gordura corporal e a massa muscular foram feitos no início e no final da intervenção. Testes de força e resistência também foram realizados.
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O Treinamento
O treinamento foi realizado 3 vezes por semana, em dias não consecutivos, entre 7h e 10h, durante um total de 8 semanas e supervisionado por profissionais. Ambos os grupos realizaram os mesmos exercícios (intensidade e duração). Um programa combinado de treinamento de resistência / força foi conduzido de acordo com as diretrizes da American Diabetes Association (3). O treino aeróbico foi realizado em bicicleta ergométrica à 70-80% da frequência cardíaca máxima, por 30 minutos. O treino de força incluiu os exercícios: Supino reto, remada sentada, abdominais, extensão de tronco e leg press. Cada paciente executou estes exercícios em 3 séries de 15 repetições, com aproximadamente 65% 1RM.
Resultados
Depois de 8 semanas demonstrou-se que, independentemente do exercício feito em jejum ou no estado alimentado, o treinamento físico resultou em melhorias na aptidão física, na composição corporal, regulação da glicose e nos valores de triglicerídeos em jejum dos participantes, contrariando as especulações baseadas em estudos feitos com indivíduos saudáveis. No entanto, os autores enfatizam a necessidade de mais estudos como este, usando medidas melhores para quantificar os resultados.
Conclusão
Sendo assim, podemos concluir que o exercício físico é altamente recomendado no tratamento do DM2, porém, os dados obtidos não fornecem evidência de que o estado nutricional (em jejum ou alimentado) do paciente desempenhe um papel importante nas melhorias de saúde causadas pelo treinamento em indivíduos diabéticos.
Referências
1. Hansen DE, Strijcker D de, Calders P. Impact of endurance exercise training in the fasted state on muscle biochemistry and metabolism in healthy subjects: Can these effects be of particular clinical benefit to type 2 diabetes mellitus and insulin-resistant patients? Sports Med 2017;47:415–428.
2. Brinkmann, C., Weh‐Gray, O., Brixius, K., Bloch, W., Predel, H. G., & Kreutz, T. (2019). Effects of exercising before breakfast on the health of T2DM patients ‐ A randomized controlled trial. Scandinavian Journal of Medicine & Science in Sports. doi:10.1111/sms.13543.
3. American Diabetes Association. 4. Lifestyle management: standards of medical care in diabetes 2018. Diabetes Care 2018;41:S38-S50.