Histórico de atleta protege contra o coronavírus?



A fala do presidente da república gerou piadas e memes na internet, mas será que o histórico de atleta protege um indivíduo contra o Coronavírus (SARS-CoV-2)?

Já mostramos aqui que fazer exercícios aeróbicos como caminhada, ciclismo ou natação, regularmente e em intensidades moderadas, pode melhorar a resposta imunológica e diminuir a mortalidade. Entretanto, alguns estudos mostram que exercícios vigorosos podem reduzir a imunidade pelo menos por um período de tempo.

Um estudo da Universidade de Bangor, no Reino Unido, sugere que atletas reduzem temporariamente sua imunidade em 15-25%, após treinamento pesado (1).

Estudo realizado nos EUA sugere que corredores podem ter maiores chances de episódios infecciosos durante treinamento pesado ou após uma maratona (2).

Mas esses estudos não respondem a nossa pergunta. Um histórico físico prévio e uma boa capacidade cardiorrespiratória podem proteger contra o Novo Coronavírus?

Novas evidências

Cientistas chilenos, belgas e australianos, recentemente se debruçaram sobre essa questão. O estudo investigou se a alta aptidão cardiorrespiratória confere alguma proteção contra repostas pró-inflamatórias após a infecção por SARS-CoV-2 (3).

O artigo de revisão sugere que, dados os efeitos positivos do exercício moderado em marcadores imunológicos, o treinamento físico prévio e altos níveis de aptidão cardiorrespiratória, provavelmente, sejam imunoprotetores em pacientes que contraem SARS-CoV-2, tendo em vista que evidências preliminares sugerem que a gravidade dos sintomas ligados à Covid-19 está associada ao estado de saúde dos indivíduos antes da infecção. Entre os fatores ligados ao aumento do risco de hospitalização e mortalidade estão: a obesidade, resistência à insulina e diabetes, doenças relacionadas ao estilo de vida dos pacientes.

Considerações

Claro! Muitos estudos ainda precisam ser feitos, tudo que se sabe sobre o vírus Sars-CoV-2 e a doença que ele causa (Covid-19) ainda é muito novo e pode mudar com novas descobertas científicas, mas o que as últimas evidências sugerem, é que exercício moderado e a boa aptidão cardiorrespiratória previnem de condições como obesidade e diabetes que são ligadas ao aumento da gravidade e mortalidade por Covid-19.

Outra coisa que deve ser levada em consideração é a idade de cada indivíduo e, que os efeitos do exercício físico não duram pra sempre. Um histórico de atleta nem sempre vai ajudar, principalmente se o indivíduo já não se exercita ou piorou seus hábitos nos últimos anos.

Fique em casa o quanto puder, siga as recomendações das autoridades sanitárias locais, se exercite e NÃO DEIXE NINGUÉM TE ENGANAR!

Referências

1. Walsh, N. P., & Oliver, S. J. (2015). Exercise, immune function and respiratory infection: An update on the influence of training and environmental stress. Immunology and Cell Biology, 94(2), 132–139. doi:10.1038/icb.2015.99.

2. Nieman, D. C., Johanssen, L. M., Lee, J. W., & Arabatzis, K. (1990). Infectious episodes in runners before and after the Los Angeles Marathon. The Journal of sports medicine and physical fitness, 30(3), 316–328.

3. Zbinden-Foncea, H., Francaux, M., Deldicque, L., & Hawley, J. A. (2020). Does high cardiorespiratory fitness confer some protection against pro-inflammatory responses after infection by SARS-CoV-2?. Obesity (Silver Spring, Md.), 10.1002/oby.22849. Advance online publication. https://doi.org/10.1002/oby.22849.

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