Estresse Mental e Recuperação Muscular



O estresse está presente constantemente no nosso cotidiano, podendo por diversos fatores que afetam a saúde mental, vir a agravar nosso condicionamento e desempenho físico. Estes fatores podem estar relacionados à distúrbios no sono e na alimentação, ansiedade, depressão entre outros, como já falamos anteriormente em nossa matéria relacionada sobre Exercício Físico na Depressão. Apesar disso, o estresse tem papel fundamental como mecanismo de adaptação, no qual a ausência desse estímulo estressor, pode contribuir no desenvolvimento de doenças (GOLDSTEIN; KOPIN, 2007). Isso não significa que devemos viver estressados, mas que o estresse faz parte da nossa vida como um mecanismo de adaptação, seja fisiológico, mecânico ou psicológico.

Intervenção

Entendendo isso, STULTS-KOLEHMAINEN et al., (2014), analisaram o comportamento da recuperação muscular em relação ao estresse psicológico. Foram selecionados 31 indivíduos que atingiram altos ou baixos valores de estresse no questionário de Estado de Estresse Percebido, sendo excluídos aqueles que apresentavam escore superior estando relacionado a algum tipo de depressão.  O questionário leva em consideração os níveis de estresse em relação as situações da vida diária, como trabalho, estudo, família, etc.

Na intervenção os sujeitos primeiro encontraram suas 10RM (Repetições máximas) no exercício de Leg Press, e então realizaram mais 6 séries até a falha. A primeira série foi realizada com 100% de 10RM e as outras séries com 90% de 10RM, ao menos que não fosse possível manter em 10RM, caso ocorresse, a carga era então reduzida para 80% de 10RM. As medidas durante a intervenção foram realizadas ao início, logo após, 1, 24, 48, 72 e 96 horas após, sendo realizados testes de máxima força isométrica, salto vertical e máxima potência cíclica (cicloergômetro).

Resultados

Após a coleta dos dados, ao avaliar o comportamento da curva de recuperação destes indivíduos, foi possível notar que mesmo após 96 horas a recuperação muscular ainda estava prejudicada, abaixo ainda dos níveis iniciais. Isso demonstra o efeito do estresse cotidiano em relação a recuperação nestes indivíduos, como pode ser visto no gráfico abaixo, por exemplo.

*MNPSS – Média da Escala de Estresse Percebido

Retirado de STULTS-KOLEHMAINEN et al., (2014)

Esta investigação demonstra que o estresse mental crônico tem um grande impacto na taxa de recuperação muscular funcional do treinamento de resistência extenuante durante um período de 4 dias. Especificamente, níveis mais altos de estresse resultaram em curvas de recuperação mais baixas e, inversamente, níveis mais baixos de estresse foram associados a níveis superiores de recuperação.

Isso tem um significado prático para aqueles que enfrentam ambos estresse mental crônico e o exercício extenuante, o que é sugerido pelos autores que aqueles envolvidos em treinamento de força extenuante devem ter precaução quando estressados. Tendo isso em vista, a programação dos treinos poderá divergir, considerando períodos de estresse mais agravantes. Consequentemente, pode ser prudente para esses indivíduos monitorar a recuperação e prescrever mais tempo para recuperação durante estes períodos de estresse mental desordenado.

Referências

GOLDSTEIN, David S.; KOPIN, Irwin J. Evolution of concepts of stress. Stress, v. 10, n. 2, p. 109–120, 2007.

STULTS-KOLEHMAINEN, Matthew A.; BARTHOLOMEW, John B.; SINHA, Rajita. Chronic Psychological Stress Impairs Recovery of Muscular Function and Somatic Sensations Over a 96-Hour Period. Journal of Strength and Conditioning Research, v. 28, n. 7, p. 2007–2017, 2014.

Leave a Reply