Tem algum desses sintomas? busque liberação médica antes de iniciar um programa de exercícios


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Sabe-se que o exercício físico é seguro para a maioria das pessoas e tem muitos benefícios associados à saúde, mas alguns indivíduos apresentam sintomas que sugerem a possível presença de doenças cardiovasculares ou metabólicas, aumentando as chances de algum evento cardiovascular como Infarto Agudo do Miocárdio ou Morte Súbita Cardíaca.

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Eventos cardiovasculares adversos relacionados ao exercício físico são frequentemente precedidos por sinais / sintomas de alerta. Pensando nisso o American College of Sports Medicine (ACSM) realizou uma mesa redonda científica com vários especialistas para discutir recomendações de triagem para pessoas que querem participar de programas de Atividade Física. Com base em evidências científicas, a mesa redonda propôs um novo modelo de triagem de saúde para quem quer fazer exercícios, baseando-se em três fatores: 1) o nível de atividade física do indivíduo, 2) intensidade do exercício desejada, 3) presença de sinais, sintomas e/ou doença cardiovascular, metabólica ou renal conhecida.

Neste texto abordaremos este último fator, mais especificamente os sinais e sintomas que, se relatados por algum indivíduo, é extremamente recomendada, uma autorização médica para iniciar, ou até continuar a fazer Exercícios Físicos (1).

Os profissionais do Sci Training utilizam estas evidências científicas, adaptadas à um questionário, com seus alunos / atletas que querem começar um programa de exercícios.

Riscos de eventos cardíacos em indivíduos assintomáticos

Indivíduos assintomáticos (que não têm nenhum dos sinais e sintomas abordados no texto) têm risco extremamente baixo de algum evento cardiovascular adverso durante o exercício, mesmo em intensidade vigorosa (2, 3, 4).

Sinais e sintomas

De acordo com as Diretrizes do ACSM, na presença de qualquer um dos sinais ou sintomas descritos abaixo, procure liberação médica antes de começar um programa de exercícios (5).

Dor no peito

Descrito nas Diretrizes do ACSM como Dor, desconforto no peito, podendo ocorrer também nos braços, no pescoço ou em outra área que possa resultar em isquemia miocárdica (fluxo sanguíneo reduzido pelo entupimento ou bloqueio de alguma artéria). É uma das principais manifestações da doença cardíaca, em particular, a doença arterial coronariana;

Característica: percepção de constrição, compressão (aperto), queimação, aflição, sensação de peso.

Localização: abaixo do esterno (osso localizado no meio do peito), meio do tórax, em um ou ambos os braços, nos ombros, no pescoço, bochechas, dentes, antebraços, dedos e entre as escápulas (no meio das costas).

Fatores desencadeadores: exercício ou esforço, agitação, estresse, clima frio, pode ocorrer depois das refeições.

O que NÃO é considerado perigoso quando se trata de dor no peito:

Característica: dor aguda insistente, “punhalada”, “pontadas” agravadas pela respiração

Localização: abaixo do mamilo esquerdo, lado esquerdo do tórax.

Fatores desencadeadores: depois do exercício, provocada por um movimento corporal específico (5).

Falta de ar sem razão

O ACSM descreve este sintoma como “Falta de ar em repouso ou com esforço leve”. A dispneia (sensação anormal de desconforto da respiração) é um dos principais sintomas de doenças de pulmão e coração. Geralmente, ocorre durante esforços vigorosos em indivíduos saudáveis e treinados, e no esforço moderado em indivíduos sadios, mas não treinados. Porém, deve ser considerada anormal em esforços de intensidade leve. Esses sintomas anormais sugerem distúrbios cardiopulmonares; em particular, disfunção ventricular esquerda ou doença pulmonar obstrutiva crônica (5).

Falta de ar também pode indicar Ortopneia ou dispneia paroxística noturna

Dispneia é o mesmo que falta de ar. A ortopneia é uma falta de ar que ocorre durante o repouso, na posição deitada A dispneia paroxística noturna é a dispneia que começa entre 2h e 5h após o início do sono. Ambas são aliviadas ao se sentar ou ficar em pé e são sintomas da disfunção ventricular esquerda. Embora a dispneia noturna possa ocorrer em pessoas com doença pulmonar obstrutiva crônica, ela difere por ser geralmente mais aliviada depois que a pessoa evacuou, e não apenas por ficar sentada (5).

Tontura, desmaio ou “apagão”

Descrito como “Tontura, Síncope ou perda de consciência”, é frequentemente causada por perfusão reduzida do cérebro. A tontura e, particularmente, a síncope durante o esforço podem acontecer por causa de problemas cardíacos que não deixam que o débito cardíaco se eleve (ou tenha queda) normalmente. Esses problemas podem ser perigosos e incluem doença arterial coronariana grave, cardiomiopatia hipertrófica, estenose aórtica, e disritmias ventriculares malignas. Ainda que a tontura após terminar um exercício não deva ser ignorada, esses sintomas podem ocorrer mesmo em pessoas saudáveis devido à redução no retorno venoso (5).

Inchaço no tornozelo

O inchaço é chamado também de edema. De acordo com o ACSM o edema bilateral (quando ocorre nos dois membros) no tornozelo, que se manifesta mais a noite, pode ser sinal de insuficiência cardíaca ou insuficiência venosa crônica bilateral. O edema unilateral (em um lado só), em geral, deriva de trombose venosa ou linfedema. O edema generalizado (quando ocorre no corpo inteiro), conhecido como anasarca, incide em pessoas com síndrome nefrótica, insuficiência cardíaca grave ou cirrose (5).

Palpitações ou taquicardia

As palpitações podem ter várias causas ligadas à problemas do ritmo cardíaco. Entre eles, a taquicardia, bradicardia de início súbito, batimentos ectópicos, pausas compensatórias e volume sistólico acentuado resultante da regurgitação valvular. As palpitações podem ser causadas pela ansiedade e do alto débito cardíaco, anemia, febre, tireotoxicose, fístula arteriovenosa e a síndrome idiopática do coração hipercinético (5).

Sensações de queimação ou câimbras nas pernas ao caminhar distâncias curtas

A câimbra é referida também como claudicação intermitente. Dor nas pernas que ocorre como resultado do suprimento sanguíneo insuficiente (comumente em decorrência de arterosclerose), causada por exercícios físicos. A dor não ocorre na posição em pé ou sentada, podendo ser constante. Se intensifica ao fazer esforços como subir escadas ou ladeiras, sendo descrita com frequência como uma câimbra que cessa entre 1 e 2 min após o fim do esforço. Pessoas com claudicação intermitente tem maior prevalência de ter doença arterial coronariana, tendo mais riscos ainda, pessoas com diabetes (5).

Fadiga incomum e falta de ar nas atividades diárias

Esses sintomas podem sinalizar o início ou a mudança do estado de doença cardiovascular ou metabólica (5).

Sopro cardíaco

Pode indicar doença valvular ou outro tipo de doença cardiovascular. É importante averiguar se há presença de cardiomiopatia hipertrófica ou estenose aórtica, pois estão entre as razões mais comuns de morte súbita cardíaca relacionada ao exercício (5).

Conclusão

Preste sempre muita atenção nos sinais que seu corpo te dá. Muitos eventos cardiovasculares adversos poderiam ser evitados se as pessoas soubessem desse tipo de informação. Lembre-se também que os riscos cardiovasculares associados ao exercício diminuem à medida que os indivíduos se tornam mais fisicamente ativos / aptos (1). Em outras palavras, quanto mais ativo é um indivíduo, menores serão os riscos de ele ter algum desses problemas. Portanto, é importante fazer exames com frequência e buscar sempre um profissional da Educação Física responsável para a prescrição de um programa de exercícios que seja seguro, além de eficaz.

Não deixe ninguém te enganar!

Referências

1. Riebe D, Franklin BA, Thompson PD, et al. Updating ACSM’s recommendations for exercise preparticipation health screening. Med Sci Sports Exerc. 2015;47(11):2473–9.

2. Rognmo Ø, Moholdt T, Bakken H, et al. Cardiovascular risk of high- versus moderate-intensity aerobic exercise in coronary heart disease patients. Circulation. 2012;126(12):1436–40.

3. Siscovick DS, Weiss NS, Fletcher RH, Lasky T. The incidence of primary cardiac arrest during vigorous exercise. N Engl J Med. 1984;311(14):874–7.

4. Thompson PD, Funk EJ, Carleton RA, Sturner WQ. Incidence of death during jogging in Rhode Island from 1975 through 1980. JAMA. 1982;247(18):2535–8.

5. American College of Sports Medicine, Deborah Riebe, Jonathan K. Ehrman, Gary Liguori, and Meir Magal. 2018. ACSM’s guidelines for exercise testing and prescription.

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