Transferência Bilateral



A transferência bilateral, é a capacidade de aprender uma habilidade mais facilmente, depois de ter aprendido a tarefa com a outra mão ou pé. Ou seja, se você chuta com a perna direita, a sua perna esquerda sofre uma transferência bilateral, adquirindo certa habilidade/facilidade com relação a tarefa de chutar (1).

Escrita espelhada

Em uma tarefa de escrita espelhada,  onde consiste em escrever uma frase no papel, de maneira que seja possível ler a frase corretamente no espelho (inverter as letras), Latash (1999), concluiu que após a fase de aprendizagem os avaliados escreveram 40% mais rápido e diminuiram 43% os erros em relação ao teste feito antes das práticas (2), onde, resultados parecidos foram encontrados por Ewert (2012) (3). O pesquisador Kidgell (2017) também encontrou resultados favoráveis suportando a transferência bilateral em três tarefas manuais (4).

Transferência bilateral simétrica e assimétrica

A transferência bilateral pode ser considerada simétrica, onde a quantidade transferida é semelhante entre os membros, ou assimétrica, onde por exemplo, quando se prática com um membro dominante, esse irá transferir positivamente muito mais para o não dominante do que o contrário (1). Segundo Magil (2011), autor referência em aprendizagem motora, em geral a transferência é assimétrica, onde o membro dominante pode contribuir mais para o membro não dominante (1). Porém, Haaland e Hoff (2003), concluiram que treinar o chute com a perna não dominante, melhorou o desempenho com a perna dominante de jogadores de futebol (5). Soler e colaboradores (2017), também acharam resultados favoráveis ao treinamento do lado não dominante no Judô (6). Boroujenia e Shahbazi (2011), ensinaram o saque no badminton para 200 universitários, e chegaram a conclusão que a transferência acontece de maneira simétrica entre os lados (7).

Porque Acontece a transferência bilateral?

Nós aprendemos as informações (posição, velocidade e ângulo) para realizar a tarefa, e essa informação é independente de membros, ou seja, o cérebro usa essa informação já adquirida para realizar o movimento com o membro não treinado (1).

Implicações práticas

Segundo a ciência, parece ser viável treinar ambos os membros, mesmo se a tarefa exigir apenas a utilização de um membro, onde devido aos processos de transferência podem ocorrer melhoras significativas. E você que pratica uma modalidade que exige apenas “um lado” você treina o lado não dominante? Comenta aí e não deixa ninguém te enganar!

Fontes

1.          Magill RA. Aprendizagem e Controle Motor:Conceitos e aplicações. 8th ed. São Paulo: Artmed; 2011. 568 p.

2.          Latash ML. Mirror Writing: Learning, Transfer, and Implications for Internal Inverse Models. J Mot Behav. 1999;31(2):107–11.

3.          Ewert PH. Bilateral transfer in mirror-drawing. Pedagog Semin J Genet Psychol. 1926;33(2):235–49.

4.          Kidgell DJ, Frazer AK, Pearce AJ. The Effect of Task Complexity Influencing Bilateral Transfer. Int J Exerc Sci. 2017;6(16).

5.          Haaland E, Hoff J. Non-dominant leg training improves the bilateral motor performance of soccer players. Scand J Med Sci Sport. 2003;13(3):179–84.

6.          Iglesias-Soler E, Mayo X, Dopico X, Fernández-Del-Olmo M, Carballeira E, Fariñas J, et al. Effects of bilateral and non-dominant practices on the lateral preference in judo matches. J Sports Sci [Internet]. 2017;36(1):111–5. Available from: http://dx.doi.org/10.1080/02640414.2017.1283431

7.          Boroujeni ST, Shahbazi M. The study of bilateral transfer of badminton short service skill of dominant hand to non-dominant hand and vice versa. Procedia – Soc Behav Sci. 2011;15:3127–30.

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